Esses oito princípios orientadores foram endossados pelos membros do ISC por meio de uma resolução adotada na Assembleia Geral do ISC de 2021.
1. Deve haver acesso aberto universal ao registro da ciência, tanto para autores quanto para leitores, sem barreiras à participação, em particular aquelas baseadas em capacidade de pagamento, privilégio institucional, idioma ou geografia.
Preços excessivos, muito acima dos custos necessários de produção, colocam muito do registro da ciência fora do alcance de muitos que desejam acessá-lo, seja como autores ou leitores. Muitos em países de baixa e média renda são excluídos, resultando em uma comunidade científica internacional fragmentada. Quase todos os grandes acordos nacionais firmados entre os sistemas científicos do norte global e as principais editoras comerciais sustentam uma barreira desigual ao acesso daqueles do sul global. O acesso aberto apenas para leitores, com base em taxas de processamento de artigos (APCs) iniciais excessivas, é aberto apenas no nome. O verdadeiro acesso aberto é o acesso que é acessível tanto para leitores quanto para autores.
2: As publicações científicas devem ter licenças abertas que permitam a reutilização e a mineração de texto e dados.
Muito do registro da ciência é inacessível para reutilização e aplicação de métodos modernos de descoberta de conhecimento por causa de licenças restritivas que sustentam altos paywalls. Algumas editoras buscam monopolizar metadados para monetizar e controlar o acesso ao conhecimento.
3: A revisão por pares rigorosa, oportuna e contínua deve continuar a desempenhar um papel fundamental na criação e manutenção do registro público da ciência.
A revisão por pares convencional está afundando sob pressão. Muitas vezes é lento, ineficaz e ineficiente. Estima-se que os atuais mecanismos de revisão por pares representem uma doação de pelo menos US$ 2 bilhões por ano, em grande parte de pesquisadores acadêmicos, principalmente para editores comerciais [4]. São necessárias reformas para melhor responder às necessidades da ciência e dos cientistas, utilizar os recursos das instituições científicas e mobilizar o potencial dos procedimentos automatizados.
4: Os dados e observações em que se baseia uma alegação de verdade publicada devem ser simultaneamente acessíveis ao escrutínio e apoiados pelos metadados necessários.
É um princípio fundamental do método científico que as evidências que apóiam uma afirmação de verdade publicada devem estar simultaneamente disponíveis para escrutínio por pares. Os dados são, em princípio, uma saída da ciência tão importante quanto os artigos de texto. Eles devem ser acessíveis simultaneamente sob FAIR (Encontrável–Acessível–Interoperável–Reutilizável) princípios, com rotas de acesso seguramente gerenciadas onde o acesso geral precisa ser restrito devido a considerações de segurança, proteção ou privacidade. A falta de divulgação de evidências torna a falsificação muito mais difícil e sobrecarrega a ciência com questões que a divulgação adequada dispensaria. Ela diminui a poder da ciência como uma forma especial de conhecimento.
5: O registro da ciência deve ser mantido de forma a garantir o acesso aberto às gerações futuras.
Com o fim da 'biblioteca de registro' física, é vital desenvolver meios digitais para garantir o acesso sustentável e duradouro ao registro global da ciência e os meios de identificação e acesso ao seu conteúdo.
6: As tradições de publicação e a bibliodiversidade de diferentes disciplinas e regiões devem ser respeitadas.
Dada a diversidade de necessidades, de disciplina ou geografia, não há um tamanho único. A adaptação eficiente dos sistemas editoriais às diferentes necessidades é uma prioridade. O desenvolvimento de procedimentos para facilitar a interoperabilidade entre diferentes disciplinas do registro acadêmico está subdesenvolvido, incluindo procedimentos que poderiam apoiar a comunicação multilíngue.
7: Os sistemas de publicação devem ser projetados para se adaptar continuamente a novas oportunidades de mudança benéfica, em vez de incorporar sistemas inflexíveis que inibem a mudança.
Formas antiquadas de publicação derivadas da era impressa e em papel dominam grande parte da publicação atual. Devem ser substituídos por formas mais eficientes e flexíveis que explorem as capacidades em desenvolvimento das tecnologias digitais.
8: A governança dos processos de divulgação do conhecimento científico deve ser responsável perante a comunidade científica.
O acesso ao conhecimento científico e ao conhecimento estratégico sobre ciência é cada vez mais monopolizado por grandes editoras comerciais/empresas de tecnologia cuja principal responsabilidade é com seus investidores e não com a ciência.