Nota consultiva sobre preconceito na publicação científica

A base para a ciência é a evidência publicada. Embora pesquisadores, editores e revisores devam exercer um julgamento cuidadoso ao determinar o que é publicado, para manter a integridade da literatura científica, o viés deve ser conscientemente evitado ou, pelo menos, reconhecido e reconhecido. Para isso, os pesquisadores têm a responsabilidade de se esforçar para serem objetivos quando coletam e interpretam dados e enviam artigos para periódicos. Da mesma forma, editores e editores têm a responsabilidade de evitar viés indevido na seleção de artigos para publicação, e os revisores devem permanecer desinteressados.

Nota consultiva

O viés inadequado pode entrar na literatura quando outros fatores além da qualidade e do conteúdo científico influenciam a seleção de um pesquisador sobre o que enviar para publicação ou a decisão de um periódico de publicar um artigo.

Que fatores contribuem para o viés nas publicações científicas?

Preconceito dos pesquisadores

Como é impossível publicar todas as informações novas e nem todos os resultados são interessantes, os pesquisadores precisam selecionar os dados que interpretam e os resultados que enviam para publicação, bem como escolher o periódico para o qual os enviam. Isso requer necessariamente fazer julgamentos subjetivos.

O viés inaceitável surge quando os autores ignoram dados que não se encaixam em um ponto de vista específico (por exemplo, casos de efeitos colaterais de medicamentos), enviam apenas resultados positivos ou incluem apenas resultados que concordam com as opiniões de um editor ou editora.

Os pesquisadores podem determinar quem listar como autor em suas publicações em um esforço para influenciar as decisões dos editores ou revisores. Por exemplo, “autores honorários”, que não fizeram uma contribuição significativa para uma publicação, podem ser adicionados. Alternativamente, “autores fantasmas”, que se qualificam para autoria, podem ter seus nomes omitidos para ocultar potenciais conflitos de interesse.

Viés de editores e revisores

A decisão de um periódico sobre enviar um artigo para revisão e/ou publicá-lo também pode estar sujeita a viés. Os editores devem tomar decisões sobre o que é adequado ao escopo de sua revista e o que será de interesse de seus leitores, o que impede a objetividade total. Como os resultados positivos são mais propensos a serem enviados para publicação e são mais propensos a serem aceitos, o viés para resultados positivos, mas às vezes espúrios, é inevitável.

Viés inaceitável ocorre quando a decisão de enviar um artigo para revisão, ou a decisão de aceitá-lo, é influenciada por outros fatores que não o conteúdo científico do artigo ou sua adequação ao escopo da revista. Por exemplo, revisores, editores e editores podem ter preconceito a favor ou contra artigos de um determinado país, instituição ou afiliações, idioma ou gênero dos autores.

Durante o processo de revisão, os revisores podem exercer viés não apenas na decisão de recomendar a aceitação ou rejeição de um artigo, mas também podem atrasar sua publicação. Eles podem rejeitar ou adiar a aceitação de artigos que não estão de acordo com suas próprias crenças, ou podem ser mais propensos a aceitar, ou não julgar criticamente, um artigo que apóie uma de suas descobertas anteriores ou que as cite extensivamente.

Como alguns periódicos rejeitam a maioria dos artigos submetidos sem revisão independente, os editores receptores podem ser tendenciosos ao selecionar quais artigos enviar aos revisores. Evidências anedóticas sugerem que, em alguns casos, os editores são mais propensos a enviar artigos para revisão se conheceram os autores, já estão familiarizados com seu trabalho ou os autores vêm de uma instituição conhecida pelos editores. Os editores podem escolher revisores que eles acham que serão “soft” ou “hard”, na tentativa de influenciar se um artigo é aceito ou rejeitado. As decisões editoriais podem ser influenciadas por conflitos de interesse, como, por exemplo, se veicularem publicidade ou atuarem nos conselhos de certas empresas.

Como minimizar o viés de publicação?

Autores, pesquisadores, editores, revisores e editores devem estabelecer procedimentos para minimizar o viés de publicação e tomar medidas corretivas se for descoberto.

Os editores devem ser meticulosos em evitar preconceitos e permanecer independentes dos interesses comerciais de seus periódicos.

Autores e editores devem se esforçar para tornar acessíveis conjuntos de dados completos para reduzir o viés contra resultados negativos. Instituições, periódicos e associações de pesquisa devem fazer uso de bancos de dados compartilhados para que possam ser facilmente acessados ​​e os cálculos possam ser verificados. Para ensaios clínicos, os periódicos devem tornar obrigatório o registro prévio, pois isso pode reduzir a probabilidade de que os dados negativos dos ensaios sejam “perdidos” ou as hipóteses sejam alteradas em retrospecto. Em última análise, todos os dados de ensaios clínicos devem ser disponibilizados.

Editores e editores devem ser incentivados a participar do Comitê de Ética em Publicação (COPE) e a compartilhar conselhos sobre práticas éticas.

As publicações devem indicar explicitamente em suas diretrizes aos autores o que se qualifica para autoria, a fim de reduzir a incidência de autoria honorária e fantasma. Ao receber um manuscrito, a revista deve alertar todos os autores de que um artigo foi submetido e confirmar que todos os autores concordaram em ser listados. Os artigos publicados devem indicar a natureza das contribuições dos autores.

Os periódicos devem considerar a implementação de revisão “duplo cego”. Aqui, os revisores – e possivelmente os editores que decidem se um artigo é enviado para revisão – não são informados sobre os nomes dos autores, seus endereços ou afiliações.

Os periódicos devem solicitar e publicar fontes de financiamento e listar potenciais e reais conflitos de interesse de autores, revisores e editores. Dessa forma, alguns conflitos de interesse podem ser evitados, e os leitores podem levá-los em consideração ao interpretar um artigo.

Os periódicos devem estabelecer um limite baixo para publicar correções e refutações e estabelecer protocolos para lidar com recursos de autores. Quando um artigo é retirado, os editores devem fornecer uma explicação. Correções, refutações e retratações devem ser indexadas e vinculadas para que os leitores encontrem a versão mais confiável de um artigo quando pesquisarem a literatura.

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